É comum notarmos o pronome em artigos escritos por brasileiros, mas de onde ele vem? Quando analisamos o modo de escrita acadêmica, com frequência nos deparamos com as estruturas “Sabe-se que”, “Descobriu-se que”, “Vale mencionar que”. O desafio dessas construções, quando as colocamos no contexto de tradução, é a falta de um sujeito, ou seja, a presença da impessoalidade causada pela voz passiva, tão característica da escrita científica em português.
Nesse sentido, esse modo de pensar em uma língua ao se escrever em outra gera traduções como “it is known that“, “it was found that“, “it is worth mentioning“, que deixam o texto pesado. Mas então, como mudar?
Vamos analisar a seguinte frase: “it is worth mentioning that the present work has some limitations in relation to the number of interviewees in each school”. Primeiro precisamos identificar o significado principal da frase. Que mensagem ela quer transmitir? Se você respondeu “nada”, parabéns!
Essa tendência da escrita em português de preencher o início das frases com alguma coisa não se reflete no inglês. A solução é simples, pois devemos apenas retirar o excesso de palavras: “the present work has some limitation in relation to the number of interviewees in each school“, ou então “one of the limitations of this work is the number of interviewees in each school“
Vamos a outro exemplo: “Based on the values of Table 1, it can be verified through the Christiansen uniformity coefficient (CUC), statistical uniformity coefficient (CUE), and application efficiency (Ea), the values in the order of 97.9, 99.5, and 91.9%, respectively“. A tradução literal é óbvia aqui, e pode ser resolvida com uma simples questão de interpretação: nós verificamos as variáveis, a verificação não é feita através delas.
Assim, podemos corrigi-la para “Table 1 shows that the values of Christiansen uniformity coefficient (CUC), statistical uniformity coefficient (CUE), and application efficiency (Ea) were 97.9, 99.5, and 91.9%, respectively“, tirando a introdução.
Apesar disso, não é proibido usar o “it” em nosso artigo. Ele pode representar um sujeito ou um objeto “vazio”, ou seja, que não faça referência a nada em particular. Tome cuidado para que a coisa a qual você está retomando esteja clara no texto.